Laboratório de Arqueologia Histórica

Semana de Arqueologia Histórica do Museu Nacional

A arqueologia histórica é hoje um dos campos mais vibrantes da arqueologia. Cobrindo uma enorme variedade temática e um amplo espectro temporal, tem estado na linha de frente dos principais debates da disciplina. Dialogando com processos de abrangência global, como a Diáspora Africana e a expansão europeia a partir da Era das Grandes Navegações, aborda fenômenos de grande interesse nos dias atuais, como o colonialismo, a industrialização, o capitalismo e a modernidade, servindo de recurso para a criação de narrativas que colocam em perspectiva a história do povo brasileiro e oferecendo elementos críticos para o seu permanente processo de construção.

No entanto, e a despeito da importância e representatividade da arqueologia histórica no país, os seus praticantes vinham se ressentido da falta de encontros integralmente dedicados aos seus interesses. Ainda que reconheçamos a importância da inserção da arqueologia histórica em fóruns mais abrangentes, carecemos de espaços de discussão próprios. Desde o histórico “Seminário de Arqueologia Histórica” organizado pelo IPHAN no Rio de Janeiro, em 1985, não ocorria no Brasil um encontro de maior abrangência inteiramente dedicado aos interesses desse campo.

Foi tendo isso em mente que o Laboratório de Arqueologia Histórica do Museu Nacional organizou a SEMANA DE ARQUEOLOGIA HISTÓRICA. Seu objetivo foi criar um espaço de debate e reflexão para os praticantes da arqueologia histórica, propiciando-lhes o intercâmbio de ideias, posições e experiências. Esperávamos, também, que servisse para catalisar iniciativas futuras.

O encontro previu, em um de seus blocos, mesas-redondas voltadas para temas de pesquisa e para o exercício e a prática da arqueologia histórica no Brasil, contando com a participação de especialistas que atuam nas diversas regiões do país. Em outro bloco, previu sessões de comunicação científica abertas a pesquisadores e profissionais de instituições públicas e privadas, que serviram de espaço para a divulgação de trabalhos realizados em âmbito nacional e internacional.

Realizado no Auditório do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), cumpriu seu objetivo. Apesar de ter sido realizado em tempos difíceis e desafiadores, registrou um número importante e diverso de inscritos, contando com a presença de representantes de entidades de classe, organizações não governamentais, órgãos de gestão do patrimônio arqueológico, fundações, museus, empresas de arqueologia, universidades publicas e privadas, além das pessoas que não possuem hoje nenhum tipo de vínculo institucional. Ao todo, representaram treze estados brasileiros e todas as regiões do país, além de duas universidades do exterior. Tão importante quanto essas participações foi o muito esperado pontapé inicial para a criação de uma associação científica voltada à arqueologia histórica.